Neste sábado dia 11/06, no Museu Hassis
A mostra nomeada Pulsantes reúne um conjunto de obras das artistas Ilca Barcellos e Sara Ramos.
Pulsar, interrogar, mergulhar, viver, ofertar, encantar…
São tantos os verbos possíveis de relacionarmos a esta exposição de Ilca Barcellos e Sara Ramos.
De uma delicadeza impressionante, mas ao mesmo tempo com uma potência incrível, os trabalhos dialogam entre si, apesar de transitarem em medias diferentes: cerâmica e desenho.
Sara nos brinda com duas instalações com objetos cerâmicos, “Oferenda” e “Vejo flores em você”. Usando da seriação, que potencializa a imagem do bowl cerâmico, os objetos invadem o espaço expositivo, no chão, escorrendo pelas paredes. Segundo as palavras da artista, “A obra faz, através de uma alusão aos rituais de imolação, uma reverência aos que registraram com seu próprio sangue o preconceito do homem pelo próprio homem”. O esmalte vermelho sangue vem como uma lembrança de nossa própria humanidade, mas também alude ao sagrado, o vinho dos rituais cristãos. Em “Vejo flores em você” Sara compõe uma paisagem com sete vidros com tampa contendo sete corações de cerâmica, modelados a mão e ornamentados com adesivos cerâmicos de delicadas flores. Em “Oferenda” a artista traz a busca do ser humano em alcançar este Ser maior, buscando uma bênção através de uma ação terrena. Em “Vejo flores em você” ela nos traz a busca pelo amor. Não o buscamos todos nós? A artista simboliza este sentimento, o mais poderoso de todos, na figura do coração. De acordo com Sara, “O trabalho busca reconhecer simbolicamente o coração como centro da atividade emocional e psíquica do corpo”. E seus corações são ofertados com rosas, símbolo universal da representação do amor.
A materialidade da obra de Sara é pungente, e mesmo o espectador que não está familiarizado com a técnica, reconhece a sofisticação em seu processo poético.
Ilca Barcellos, artista reconhecida por seus seres ficcionais em cerâmica, nos oferece desta vez seus Pulsantes. Desenhos e colagens sobre papel, em um processo tão orgânico que reconhecemos a artista em cada um dos desenhos. Com o mesmo movimento dos seus bichos, os desenhos pulsam e evocam a formação de Ilca na biologia. Impossível não perceber a coerência de seus processos artísticos. Mas percebemos também as inquietudes desta artista curiosa e incansável, que não se furta às experimentações, não foge de desafios. Em um percurso poético relativamente curto, Ilca já trilhou por caminhos matéricos diversos.
Linhas, pontos, círculos. Volumes de cores fortes, aguadas delicadas e transparentes. Ilca dá vida a seus desenhos. Compondo seus seres em linhas negras, manchas azuis, vermelhas, a artista faz com que estas criaturas pareçam seres vivos, pulsantes.
Os trabalhos que as artistas nos ofertaram nesta mostra travam um diálogo importante e pungente. Ou como nos diz Ilca: “Apesar dos diferentes suportes e das diferentes linguagens o conjunto das obras remetem para o pulsar da vida”. E vamos além, o pulsar da vida, suas buscas e seus mistérios.
Luciane Garcez
Agendamento de visitas pelo email: educarte@fundacaohassis.org.br
informações: (48) 85012707
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