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HASSIS NO MUSEU HISTORÍCO NACIONAL
Em uma parceria entre Museu Histórico do Rio de Janeiro, Fundação Hassis e Museu do Contestado, apresentamos uma das séries mais importantes do artista Hassis, que neste ano completaria 90 anos de idade. Com a curadoria de Denilson Antonio, a exposição é composta por registros feitos em desenhos que conta a história do conflito que durou quatro anos e marcou com sangue a história do sul do País. Uma seleção de fatos ilustrados em 78 gravuras feitas a nanquim em bico de pena. Para essa exposição levamos uma de suas principais obras, o painel, “O Contestado – Terra Contestada”, finalizado em 1985, dividido em sete módulos com 2,75m (alt) x 1,80m (larg) com 36 metros quadrados de pintura em acrílico. Conta em fases a história da guerra, os conflitos, a fé religiosa, os mercenários, as grandes empresas, o trem de ferro, que é o mais importante registro pictórico sobre o fato que devastou o vale e matou cerca de 20 mil pessoas. Este ano de 2016, marca o final da guerra. Com a prisão de Aderbal, um dos últimos caboclos que comandaram o povo nos confrontos dava-se fim aos confrontos que duraram quatro anos. São 100 anos, que não apagaram as suas marcas. Tornar visível, para não deixar apagar a importância de um povo forte, que não deixou-se dominar. Compõe a exposição, um documentário produzido pela Fundação Cultural de Santa Catarina. Outro vídeo mostra o artista, sua relação e sua produção em torno do tema.
Objetivos
Expandir o alcance da obra de Hassis, levar sua produção para a cidade do Rio de Janeiro, écolocar aos olhos, uma obra singular, além de contar a história da Guerra do Contestado, contar a história de um Estado. A “guerra dos pelados” como também ficou conhecida, foi uma ação direta do governo sobre os posseiros que habitavam a região há muitos anos, esquecidos, sem educação, saúde, ainda tirados de sua terra sem direito algum. A ação dos latifundiários que queriam explorar a região e a madeira que era rica e abundante.
Esse ano se torna importante por mais de um motivo; para o artista que completaria noventa anos em 2016, os 15 anos da Fundação que leva seu nome e o centenário do final da Guerra do Contestado.
Poder comemorar e memorar esses fatos, em plena Olimpíadas é uma honra, e de singular importância para a visibilidade da arte brasileira. É indiscutível a qualidade dessa série, já reconhecidas por diversas autoridades na área. Como dar valor ao trabalho de um artista sem mostrá-lo ao publico, sem torná-lo passível da critica e das relações possíveis. É dar a devida importância à dedicação, á pesquisa e à produção desse artista que produziu isolado em uma
ilha, mas atento a tudo que acontecia no mundo.
Local: Museu Histórico Nacional
Endereço: Praça Mal. Âncora, s/n – Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20021-200
Centro Histórico da cidade do Rio de Janeiro/RJ
Agenda:
A abertura será no dia 02 de agosto de 2016 as 12:30h.
No mesmo dia as 10:00h, duas palestras serão realizadas: Denilson Antonio, coordenador do setor educativo e curador do Museu Hassis, fala sobre a vida e obra de Hiedy de Assis ou “Simplesmente Hassis”. Como convidado, Rogerio Rosa, Doutor em História Social pela UFRJ.
Rua Luiz da Costa Freysleben, 87 – Itaguaçu – Florianópolis/SC – Brasil – CEP: 88085-500
marketing@fundacaohassis.org.br / www.fundacaohassis.org.br
Professor Adjunto de Teoria e Metodologia da História da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) e ao Mestrado Profissional em Ensino de História. Atualmente atua como editor da revista Tempo e Argumento, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História da UDESC/SC. Sua Palestra: “Traços da violência ou antídoto contra a melancolia. Hassis e a Guerra do Contestado”, tem como proposta analisar as representações da guerra do Contestado efetuada por Hassis em série de desenhos de um dos principais movimentos sociais ocorrido no Brasil durante a
Primeira República. O argumento é que esses desenhos destoam de um conjunto de produções literárias, artísticas e historiográficas que representam o Contestado de forma melancólica. Pretende apresentar algumas imagens e representações do Contestado que permeiam o imaginário social, visto que circulam em livros didáticos, em discursos oficiais e na internet. Propõe articulá-las com um projeto político que incorpora o Contestado como elemento da identidade catarinense. Mas que identidade é essa? Qual o lugar ocupado pelos
sujeitos, tanto os do passado quanto os remanescentes da tragédia do Contestado, nessa trama discursivo-política? Qual o lugar e o papel dos desenhos que Hassis fez sobre o Contestado nesse jogo de representações?
“Com a exposição Guerra do Contestado, por Hassis, o Museu Histórico Nacional chama atenção para um dos conflitos sociais mais violentos da história do Brasil. A exposição celebra ainda a obra de Hassis, um dos mais interessantes artistas brasileiros do século XX, reunindo pela primeira vez sua série de 78 desenhos e o seu grande painel sobre a Guerra do Contestado. Esta criação constitui um dos maiores projetos de pintura histórica do Brasil, comparável aos famosos murais de Portinari e às grandes telas do século XIX. Os conflitos travados na região do Contestado entre 1912 e 1916 são frequentemente compreendidos como disputa de fronteiras entre os estados de Santa Catarina e Paraná e que ocorreram num ambiente de religiosidade popular e cuja militarização nacionalizou o desenrolar e a repercussão dos acontecimentos. Todo o processo, no entanto, esteve relacionado com a questão do direito à terra que opôs pequenos proprietários e o grande capital envolvido com a implantação de ferrovias e exploração de madeiras, traduzindo a afirmação do poder federal diante de interesses locais e regionais. Se a memória dominante confirma a vitória da unidade nacional e da razão sobre o misticismo, a memória popular e subterrânea guarda a lembrança da opressão violenta. Entre lembranças e esquecimentos é que se instala a pintura histórica de Hassis.
As representações artísticas do passado colocam diante do olhar imagens que encarnam interpretações da história. No século XX, a arte moderna sem a pretensão de documentar ou naturalizar os fatos históricos, favoreceu o registro autoral e subjetivo na abordagem da história. Tal como Picasso diante dos horrores da Segunda Guerra Mundial, Hassis sustenta sua criação a partir da denúncia da guerra e da opressão. Por meio da obra do artista catarinense, o Museu Histórico Nacional procura destacar a força e a renovação da pintura histórica como gênero artístico no Brasil e que multiplica as leituras sobre a sociedade nacional.
Cabe registrar agradecimentos especiais à Fundação Hassis que desde o primeiro momento recebeu com entusiasmo a parceria em torno deste projeto. A gratidão se estende ainda ao Museu do Contestado e à Secretaria de Estado de Cultura do Governo do Estado de Santa Catarina que juntamente com a Associação de Amigos do Museu Histórico Nacional apoiaram de modo decisivo a realização desta iniciativa.”
Paulo Knauss
Diretor Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro.
Museu Histórico Nacional